(um breakzinho dos
posts de casamento não faz mal a ninguém, né? Até eu estava começando a ficar
entediada com os posts...afinal, o Esquilo não é um blog exclusivamente de
casamento...Tinha programado um post sobre amenidades mulherzinha, i.e. sobre
um penteado que finalmente fiz no cabelo, mas depois de ler a coluna do Gustavo
Chacra, um amigo meu, no Estadão ontem, resolvi mudar a direção do post.)
Frase da semana:
“Não sei se a Olimpíada será boa para o Brasil, mas a Grécia organizou
uma em 2004."
Quem falou essa frase espetacular? Meu querido mestre, Albert Fishlow, o maior
brasilianista que existe, e na minha opinião, um dos economistas mais
perspicazes da atualidade. E vocês querem saber? Infelizmente, concordo
bastante com essa visão cética do meu professor.
Como estou um
pouco sem tempo, vou apenas reproduzir abaixo o texto do Gustavo, porém, quem
tiver alguma curiosidade em relação a minha opinião sobre esse texto, deixe um comentário, que
responderei. Para ler o original, aqui o
link.
(O texto abaixo é de autoria do Gustavo Chacra, correspondente do Estado
de SP em Nova York. Coloridos em vermelho são inteiramente por minha conta para destacar o que eu acho mais relevante.)
Albert Fishlow
talvez seja o acadêmico americano que mais bem conhece a economia do Brasil.
Viveu no país e, nos anos em que deu aulas em Berkeley e Columbia, orientou uma
série de economistas que viriam a se tornar autoridades econômicas em toda a América
Latina. Ontem, em Nova York, este brasilianista lançou o livro “Startin Over –
Brazil Since 1985” e fez uma série de declarações céticas sobre o futuro da
economia brasileira.
“Enquanto o Brasil
vende commodities para a China, os chineses vendem produtos industrializados
para os brasileiros e acaba com a indústria local”, disse ontem no Council of
the Americas para uma platéia que incluía a embaixadora Maria Luiza Viotti e os
principais investidores especializados em Brasil em Nova York. “Falam do superávit
primário, mas se esquecem do déficit total”, acrescentou.
Fishlow advertiu
ainda que a “China crescerá apenas 7% no ano que vem e esta taxa dois pontos
percentuais a menos será grave para o Brasil”. O endividamento dos brasileiros
das classes C, D e E e a baixa taxa de investimento também preocupa. “Na China,
a taxa de investimento é de 45%; Na Índia, 38%; no Chile, 24%; na Coréia do
Sul, 30%. Já no Brasil, apenas 18%”, repetiu o professar para um problema que
ele sempre mencionava quando me dava aulas na Universidade Columbia cinco anos
atrás.
“São urgentes
reformas educacionais, na saúde e política. Como podem ter 20 partidos”,
alertou. Segundo o economista, “Dilma quer criar uma tecnocracia de Estado, mas
isso não funciona em democracias”.
Intrigado,
perguntei ao professor americano sobre como a Copa do Mundo e as Olimpíadas
afetariam a economia brasileira. “Não sei se a Olimpíada será boa para o
Brasil, mas a Grécia organizou uma em 2004″,
respondeu. Com esta frase como resposta espetacular, tive que deixar de lado
hoje os assuntos de EUA e Oriente Médio para falar de Brasil.
Pobreza nos EUA
Sei que muitos dirão
– “O que este economista americano está falando, já que no país dele tem 46
milhões de pessoas vivendo na pobreza”. Bom, segundo os critérios do governo
dos EUA , tem sim. Mas lembro que pobre nos EUA é quem tem uma renda familiar
abaixo de US$ 22 mil por ano. Isso equivale a cerca de R$ 3 mil mensais no
Brasil. Quantos brasileiros estariam na miséria se os critérios aplicados por
Washington fossem usados por Brasília?
(Fim do texto do Gustavo Chacra)
----------
Respondendo essa última pergunta
(fazendo uma estimativa bem improvisada e rápida), usando os dados da
PNAD de 2009 e considerando que R$3 mil mensais é um pouco mais que 5 salários mínimos, aproximadamente 60% da população brasileira estaria na miséria...e é por essa (e MUITAS outras) que comentários do gênero "Nunca antes na história desse país..." me deixam enfurecida.
Labels: Brasil, ciência política, economia