Tentamos ser bons samaritanos...

Mas não deu certo...

Quando fizemos a mudança de Washington, DC para Evanston em novembro do ano passado, percebemos que "ganhamos" uma caixa a mais na mudança. Pois é, além das 30 e tantas caixas (minhas) que vieram de DC para Evanston, o pessoal da mudança deixou no apê um presente: uma caixa surpresa.
Na empolgação de desempacotar tudinho, acabamos abrindo-a, que foi quando eu notei que aquela caixa não era nossa...
Caixa surpresa!
Como fizemos a mudança no Thanksgiving, só fui ligar para a empresa da mudança na semana seguinte. Não sei como funciona mudança entre-estados no Brasil, mas a empresa que contratamos aqui terceriza a mudança quando você vai de um estado para o outro. Ou seja, o caminhão que trouxe nossas coisas de DC para Evanston não era da empresa e por isso não sabiam de quem pertencia a caixa (e infelizmente, a caixa não tinha telefone/nome/nadinha indicando quem era o dono. Fica a lição importante: SEMPRE escreva seu nome e info de contato nas caixas da mudança!) Eles ficaram de ligar para a empresa terceirizada e depois nos retornar...coisa que nunquinha aconteceu...

Nesse meio tempo, a caixa foi se acomodando aqui em casa, até encontrar um cantinho, ao lado da nossa adeguinha na cozinha. 
Ela ficou lá bonitinha, comportadinha, até que, em janeiro, depois de voltarmos do Tahiti, ao inspecionar a caixa com mais atenção, percebi que na etiqueta azul bem pequenininha (que aparece aí na foto), tinha um telefone de uma empresa de mudança (que não era a que tínhamos contratado). Liguei para lá, avisei que tinha uma caixa a mais na nossa mudança, e que achava que eles deveriam se informar para saber de quem era a caixa e entregar para o dono correto. A essa altura, eu já estava imaginando o dono da caixa, arrasado e puto da vida, tentando descobrir aonde largaram seus pertences... Bem, a empresa ficou de retornar a ligação para marcarem uma data para alguém buscar a dita cuja. No dia seguinte, me ligaram e combinamos uma data: na sexta-feira seguinte. 

Estamos em junho e ninguém nunca apareceu aqui em casa para buscar a caixa, nem me ligaram para remarcar...e nesse meio tempo, a caixa se tornou praticamente um móvel da cozinha. Já estávamos tão acostumados com ela que nem percebíamos que tínhamos uma caixa aberta, largada e mal amada no chão da cozinha. E apesar da caixa, a essa altura do campeonato, já nos pertencer, nunca me senti confortável para fuxicar nela...sei lá, não eram nossas coisas...e não queria ficar invadindo a vida de um desconhecido...Até que, essa semana, bateu uma curiosidade (e uma vontade de me desfazer daquele trambolho) e resolvi fuxicar. 
MUITOS tupperwares, panelas velhas e arranhadas, e uns temperos (já velhos).

Minha conclusão (baseada nos conteúdos): quem perdeu a caixa era indiano (MUITOS temperos indianos autênticos), provavelmente um homem solteiro (TODAS as panelas estavam bem mal-cuidadas e acabadas e a louça não combinava entre si), e honestamente, a caixa não deve ter feito falta nenhuma na vida da pessoa. Resultado: coloquei tudo de volta na caixa e finalmente, pela primeira vez, tiramos a caixa de dentro de casa. 

Agora ela está no carro (junto com nosso edredon antigo e algumas roupas velhinhas), fazendo parte da pilha de coisas para doarmos ao Goodwill e quem sabe assim fazer mais uma boa ação. Com um pouco de sorte, ela não passará 6 meses dentro do carro...e quem sabe assim, nossa tentativa de sermos bons samaritanos não será em vão...

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